Mesmo sem condições dignas e ideais de trabalho, os servidores públicos mantém-se em seus postos de trabalho ao lado dos cidadãos e do país, prestando serviços fundamentais para a superação da crise provocada pela pandemia do coronavírus. Atacar o funcionalismo, como novamente fez o ministro da Economia nesta segunda-feira (27/4), em nada contribui, pior ainda, demonstra má-fé ou total discrepância com a realidade em que o Brasil vive neste momento.
O chefe da Economia, durante coletiva à imprensa no Palácio da Alvorada, afirmou que o funcionalismo “vai fazer um sacrifício pelo Brasil, não vai ficar em casa, trancado com geladeira cheia, assistindo à crise, enquanto milhões de brasileiros estão perdendo emprego”.
Assistimos, diariamente, aos sacrifícios dos servidores públicos, sejam da área de saúde, segurança, assistência social, pesquisa, ou daqueles que buscam os recursos, por meio de arrecadação de tributos, para manutenção das políticas públicas de Estado.
Sobre cota de contribuição, é preciso lembrar ao governo que o funcionalismo já está sem aumento salarial há mais de três anos e, com a reforma da Previdência, foram os mais prejudicados, passando a contribuir, tanto servidores ativos quanto aposentados, com um percentual que chega a 22%, além do Imposto de Renda de até 27,5%.
“Já fomos comparados a parasitas em outra fala do ministro. Agora, somos colocados como os ‘de geladeira cheia enquanto tem gente em dificuldade’. Mas, não somos culpados por essa crise. É preciso cobrar daqueles que formularam as políticas públicas, que comandaram o orçamento, que desviaram recursos públicos para outras finalidades. Será que querem que o servidor também esteja de geladeira vazia?”, afirma o presidente da ANFIP, Décio Bruno Lopes.
Ninguém deveria estar de geladeira vazia ou passar fome num país com tantas possibilidades como o Brasil. Porém, isso é resultado de uma profunda e histórica desigualdade de renda, com um sistema tributário que penaliza os mais pobres, num dos únicos países do mundo que não tributa grandes fortunas. Para superar essa crise, senhor ministro, é preciso honestidade e não atacar aqueles que atuam com lealdade, competência e compromisso irrestrito às diversas atividades do Estado.
Por fim, ressalta-se ainda que os servidores públicos da ativa continuam trabalhando em regime de home office, dedicando-se, muitas vezes, ainda mais às atividades laborais e mantendo seu compromisso com a sociedade brasileira.